sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Crônica das filas I

Estava eu numa dessas gigantescas filas, para pagar uma conta (ainda mais essa) em um banco, quando comecei a pensar. Cadê a maldita lei que diz que o cidadão não pode ficar mais do que trinta minutos numa fila? Tenho dúvidas que ela exista, mas se essa danada existir, pelo menos comigo nunca funcionou, pois só nessa fila estou a mais ou menos uma hora.

Aliás, não sei se isso acontece com vocês, comigo é todo dia, mas porque é que a fila que a gente pega, mesmo que seja a menor, é sempre a que anda mais devagar? Acho que são os deuses mancomunados que adoram pregar essas peças na gente, nos irritar, porque não tem coisa mais irritante do que ver a fila vizinha andando, enquanto você fica parado, com cara de idiota e altamente desesperado, olhando para o relógio, para fila, para o relógio e para a fila. Além de ficar cansado, ainda corre o risco de ficar com torcicolo, o que só piora a situação. E assim nossa paciência vai se esgotando.

Já no supermercado, porque é que no caixa que vamos passar nossas compras (sempre alguma coisa que precisamos comer rapidamente porque, além de estarmos morrendo de fome, nosso tempo só dá pra passar em casa, comer e sair, pois temos outra coisa pra fazer, aquela aula chata, aquela reunião...), tem sempre alguém que vai pagar com cartão e que dá problema ? Ou então o caixa vai fechar e manda você ir para o outro, ou ainda em último caso, quando não é nenhuma dessas coisas, acaba aquele papelzinho em que nossas contas são impressas, e como aquilo demora pra ser trocado.

Mas até aí tudo bem, nessas circunstâncias, eu ainda consigo contar até dez, não estou com as unhas todas roídas, tô até bem tranqüila. O meu sofrimento começa mesmo quando chega a minha vez e os idiotas dos caixas apertam sem querer, (ou para ver uma pequena nuvem de fumaça e um barulho ofegante saírem do meu nariz), uma tecla, não me perguntem qual por favor, que faz com que a máquina pare. Já que eles sempre se enganam, eu acho que nessa tecla deveria ter escrito: Não aperte imbecil, isso faz com que a máquina pare. Daí você tem que esperar que a máquina reinicie, e esse tempo de reiniciação se transforma numa eternidade.

Você pensa em ir pra outra fila, mas caramba, está tão pertinho. Mas, e se demorar? Acho que vou pra outra fila. Outra fila? Começar tudo de novo, ir lá para trás, nem morto. Aliás, morto, de fome. Nessa hora você já não consegue raciocinar direito, é fome, raiva, irritação, tudo isso domina o seu corpo. Assim é melhor ficar onde você tá, pois com a sorte que você tem, é bem capaz de acontecer, é bem capaz não, vai acontecer o mesmo no caixa que você for.

E outra coisa, por maior que seja o seu grau de azaramento, não vai acontecer do cara errar de novo. Tenha certeza, ele vai tomar o maior cuidado, pois a esta altura você já vai estar comendo o saco plástico do pão que havia comprado, para juntamente com as fatias do queijo que você guardou em casa, fazer o seu jantar. Além do mais, o caixa vai ficar aterrorizado e com medo, de que aquela altura, no estado em que você se encontra, você use o refrigerante de 2L, que está em suas mãos, como uma arma pra assassiná-lo.

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